terça-feira, 9 de novembro de 2010

A (des)Ordem

No dia 1 de Outubro, o Bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho e Pinto, esteve em Santo Tirso como orador na cerimónia de comemoração do Centenário da República, organizada pela Junta de Freguesia, pela Associação Cívica "AMAR Santo Tirso" e pela Escola Secundária Tomaz Pelayo.
Marinho e Pinto não é uma personalidade qualquer. Muito do largo espaço mediático de que dispõe deve-se, é certo, à sua forma polémica e provocadora de intervir, mas o que diz, concorde-se ou não, mexe com o "pantâno" em que nos vamos mantendo mais ou menos à tona.
Naquele dia, naquela hora, naquele local, era, e assim foi anunciado, o Bastonário da Ordem dos Advogados que estava presente, líder nacional de uma classe profissional com evidente peso social e político.
O auditório engº Eurico de Melo estava muito bem composto, para uma sexta-feira à noite, início de um fim-de-semana prolongado, sempre circunstâncias disuassoras da participação cívica.
Apesar disso, aponto uma falta grave, com o desprendimento de não pertencer à classe nem, consequentemente, à Ordem dos Advogados: a ausência de um representante da delegação concelhia da dita Ordem.
Admito que o Bastonário o tenha registado ou para esse facto tenha sido alertado. Tal não o impediu de ter feito uma prolongada e marcante intervenção, ao seu estilo, abrindo ainda espaço de debate. E quando os relógios caminhavam para a 1 hora da madrugada, pediu desculpa por não continuar porque tinha de regressar a Coimbra.
Sublinho esta ausência institucional da delegação tirsense da Ordem - cujos responsáveis não conheço - para notar que os cargos ou funções a que as pessoas voluntariamente se candidatam não se destinam apenas a responder a impulsos de vaidade pessoal ou a alcançar outros patamares de prestígio social.
Um cargo institucional tem direitos, mas tem fundamentalmente deveres, entre os quais o de representar a instituição e os seus membros, pelo menos, nos momentos mais solenes e significativos. Quem não o entender presta um mau serviço à instituição e aos membros. Deve, por isso, assumir que se enganou ao candidatar-se ao cargo e abrir caminho a quem tenha uma maior disponibilidade cívica e respeito institucional.
Em contraponto, não posso deixar de assinalar e aplaudir a presença nesta iniciativa de alguns dos mais reconhecidos e prestigiados advogados da nossa praça: Gonçalves Afonso, Alcindo Reis, José Fernandes, Azuíl Dinis; ou outros, mais novos, como Paulo Ferreira, Teresa Polónia, Artur Abreu, Manuel Mirra, Manuel Marinho, Joaquim Souto, Fernando Vale e Isabel Mendes (peço desde já desculpa por algum esquecimento). Nem tudo está "podre" no Reino da Dinamarca.

Autor: Pedro Fonseca
in Jornal "Entre Margens"
Data: 28 de Outubro de 2010

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