Há quem goste e quem não goste. Em democracia costuma ser assim. O que é inaceitável é a censura, nas suas diversas maneiras. Posso bem com todas elas, mas confrange-me que alguns achem que não posso ter opinião sobre isto ou aquilo, porque ocupo este ou aquele lugar.
A esses, poucos, digo o seguinte: o meu direito à opinião é inalienável, doa a quem doer, esteja onde estiver. Como disse um dia Jorge Coelho, ex-ministro do PS, actual manda-chuva da Mota-Engil, "habituem-se" e "façam o favor de ser felizes" (Solnado dixit).
Passemos à frente. As eleições primárias no PS/Santo Tirso merecem uma reflexão profunda. De todos. Pelos vários sinais que produziram e pelas lições que nos dão para o futuro. A primeira lição é uma lição de humildade.
Joaquim Couto foi presidente da CM de Santo Tirso quase duas décadas. Depois ocupou alguns cargos políticos de relevo, dentro e fora do PS. Aceitou uma disputa eleitoral, em Gaia, que sabia que ia perder com estrondo. Perdeu mas ocupou o cargo de vereador, com dignidade e responsabilidade.
A segunda lição é de coragem. Uma qualidade rara na política. Apoiante de António José Seguro, Joaquim Couto podia tranquilamente regressar ao Parlamento. Mas não, assumiu um combate difícil na concelhia do PS, que perdeu para o actual presidente da câmara. Aceitou a derrota e preparou a desforra.
Independentemente das decisões jurisdicionais que venham a ser tomadas, Joaquim Couto ganhou o direito a ser o candidato do PS à Câmara de Santo Tirso, nas eleições autárquicas de 2013. Foi o combate da sua vida.
A terceira lição é de democracia. A vitória de Joaquim Couto nas "primárias" socialistas de Santo Tirso deve orgulhar todos os socialistas do concelho. Ela representou a vitória da democracia sobre a arrogância ditatorial. A vitória do pensamento livre sobre os "diktats" de quem manda. A vitória da liberdade sobre a obediência cega. Os partidos, às vezes, regeneram-se!
Pedro Fonseca
Presidente da Associação Cívica
"AMAR Santo Tirso"