terça-feira, 27 de novembro de 2012

Uma noite em Monte Córdova


Pergunta: O que fazem, numa noite fria, algumas dezenas de pessoas reunidas nas instalações de uma associação humanitária de uma pequena freguesia rural do interior de Santo Tirso? Resposta: Debatem, trocam ideias e experiências, confrontam argumentos, esclarecem, propõem, interrogam, respondem. Em síntese: praticam a cidadania.
Os que estão a começar a ler este artigo devem pensar que se trata de um texto de ficção. Estão errados. Aconteceu mesmo. Na passada segunda-feira, em Monte Córdova, numa iniciativa promovida pela associação cívica “AMAR SANTO TIRSO”, inserida no Ciclo de Conferências “Santo Tirso, que futuro? – Uma estratégia de desenvolvimento para a próxima década”.
É certo que o tema era actual e aliciante, “Economia Local e Economia Social”, e o painel de luxo – drª Gilda Torrão, directora-geral da ASAS Santo Tirso, e profª Maria José Abreu, da Universidade do Minho -, mas isso geralmente de pouco vale quando não existe “trade off”, e quem vai só aparece por “amor à camisola”, e como isso está em desuso…
Se não andasse nisto há muito tempo e não soubesse ler todos os sinais, mesmo os mais imperceptíveis, tinha ficado comovido (não no sentido emocional, mas no de inesperado) com tanta gente (sim, tanta gente) que se predispôs a percorrer dezenas de quilómetros por montes em noite de breu.
Decisores políticos, homens e mulheres que têm sucesso na sua actividade profissional e, por isso, são criteriosos nas suas opções públicas, mostraram à saciedade que a sociedade civil de Santo Tirso tem uma enorme vitalidade.
Há gente que tem ideias e as expõe com dessasombro, há gente mais discreta que participa, observa e regista. Há gente com tanto valor que gosta de passar despercebida, como o Sr. Américo Freitas, presidente da Direcção da Associação de Solidariedade Humanitária de Monte Córdova, onde decorreu a sessão, e que estava feliz da vida por, pela primeira vez, terem “descoberto” esta instituição. O meu muito obrigado a ele pelo trabalho notável e por ter aguentado estoicamente até à uma da manhã. Seis horas depois, disse-nos, tinha de estar de novo ali.
Mais do que estas palavras, vão falar por si as fotos e o vídeo da sessão que nos próximos dias vamos partilhar com todos. Para memória futura fica o testemunho dos que puderam e quiseram estar no dia 6 de novembro de 2012 em Monte Córdova.
Um dia que não foi escolhido por acaso, porque foi a 6 de novembro de 907 que ali nasceu o Conde S. Rosendo, uma das grandes figuras da Igreja ibérica, mas cujo facto é ignorado no “site” da Junta de Freguesia de Monte Córdova. Espero que este alerta ajude a mudar alguma coisa!

Post-Scriptum: Notáveis as intervenções da drª Gilda Torrão, sobre o cada vez mais importante sector social, e da profª Maria José Abreu, sobre a indústria têxtil. Mas, se calhar, vamos ter de voltar a Monte Córdova para debater ideias, propostas e soluções para potenciar e valorizar a sua enorme riqueza natural, paisagística, histórica, e colocá-la ao serviço do turismo como forma de reanimar o comércio local. Monte Córdova, outrora designada a “Suíça” de Santo Tirso, merece um futuro melhor.

Pedro Fonseca
Presidente da "AMAR SANTO TIRSO"

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Liberdade e Democracia


Com algumas adaptações e actualizações, publiquei este artigo no passado dia 25 de outubro, no jornal "Notícias do Vale".
No seu aclamado livro "A riqueza e a pobreza das nações", David Landes questionava-se sobre o que faz uma nação ser rica e outra pobre, uma ser vencedora e outra perdedora, uma estar em ascensão e outra em queda. Conclusão: quanto mais liberdade e democracia existir numa nação, mais ela prospera. É nisso que apostamos.
Vem isto a propósito de uma série de conferências que a Associação Cívica "AMAR SANTO TIRSO" está a organizar. A importância deste ciclo de conferências, subordinado ao título "Santo Tirso, que futuro? - Uma estratégia de desenvolvimento para a próxima década" não está dependente da maior ou menor mobilização de pessoas que venham assistir a cada uma das sessões, nem da maior ou menor "espectacularidade" dos nomes constantes dos painéis de oradores.
A importância (ou falta dela) residirá apenas e só naquilo que frutificar das sementes que estamos a lançar para a terra. Estamos convencidos, eu estou convencido, até prova em contrário, que Santo Tirso é terra fértil e produtiva. Muitas destas sementes vão dar fortes raízes, troncos robustos, árvores frondosas e frutos saborosos.
A "AMAR Santo Tirso" é uma associação cívica, independente, apartidária e sem fins lucrativos. Quero sublinhar estas características e dizer mais: mais recebemos um tostão de qualquer entidade pública. Não recebemos, nem queremos receber. 
Queremos ser livres e independentes. O nosso objectivo, nestes 2 anos que levamos de actividade, é promover o debate de ideias sobre Santo Tirso. Estamos convictos que quanto mais gente envolvermos neste projecto, mais reforçado, mais desenvolvido, com mais qualidade de vida para as suas populações será Santo Tirso.
Temos um lastro histórico que nos garante um reconhecimento público de credibilidade. Organizamos conferências com nomes tão importantes como Manuel António Pina, António Souza-Cardozo, Mário Dorminsky. Na segunda-feira, em Monte Córdova, pelas 21.30, na Associação de Solidariedade Humanitária, temos prevista a conferência sobre "Economia Local e Economia Social", com a profª drª Maria José Abreu, da Universidade do Minho, e a drª Gilda Torrão, directora-geral da ASAS Santo Tirso, como oradoras.
Para este ciclo de conferências convocamos todos aqueles que querem participar num acto de cidadania em prol de um concelho mais forte. As nossas portas estão abertas a todos, de todos os quadrantes partidários e sem qualquer filiação partidária. O bem comum está sempre primeiro.

Pedro Fonseca
Presidente da Direcção
"AMAR SANTO TIRSO"

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Um debate crucial


No passado dia 27 de outubro, a associação cívica “AMAR SANTO TIRSO”, que tenho a honra de liderar, arrancou com um ciclo de conferências denominado “Santo Tirso, que futuro?” – Uma estratégia de desenvolvimento para a próxima década.
São 5 sessões temáticas que vão desde a Cultura e o Turismo, ao Desporto, à Educação, à Solidariedade Social. Começamos com um tema estrutural “PDM, Ordenamento do Território e Políticas Ambientais”.
As políticas de ordenamento territorial e ambiente são um instrumento de gestão política autárquica decisivo para promover uma qualidade de vida e um desenvolvimento económico e social harmonioso e sustentado.
Estratégias políticas erradas neste campo podem marcar negativamente o bem-estar de gerações. Esta é uma temática que deve envolver toda a sociedade civil tirsense. O que queremos que seja Santo Tirso nas próximas décadas?
Um concelho virado para o turismo? Uma renovada aposta na reindustrialização, nomeadamente da indústria têxtil? Um concelho (e uma cidade) que privilegia as suas acessibilidades, ao Porto, a Guimarães, a Braga, e investe na organização de congressos internacionais, fomentando assim o comércio, a restauração, a hotelaria, o turismo? Um concelho que exponencie a sua marca e a sua imagem com base numa estratégia cultural (e com isso arrastando também o turismo)? Um concelho que queira ser um local de primeira habitação de qualidade, e, assim, estimulando o investimento criador de empregos e riqueza? Um concelho que olhando para as suas grandes manchas agrícolas quer dotar as famílias das freguesias mais rurais de condições mais modernas e geradoras de maiores índices de rendimento familiar - investindo em infraestruturas que possam modernizar o trabalho no campo?
É este debate que temos de fazer urgentemente. Porque este é um debate crucial, incontornável e prioritário. Foi, por isso, com satisfação que assinalei as presenças nesta sessão dos presidentes de Junta de Freguesia de Santo Tirso, José Pedro Miranda (o anfitrião), de Vila das Aves, Carlos Valente, e de S. Martinho do Campo, Adelino Moreira. Eles sabem que a qualidade futura da nossa gestão pública, política e autárquica, passa por estarmos cada vez mais munidos da informação e das competências exigidas para os desafios cruciais que vamos defrontar.

Pedro Fonseca
Presidente da Direcção
Associação Cívica "AMAR SANTO TIRSO"