quinta-feira, 5 de julho de 2012

Eu, cidadão livre, me confesso

 
Adoptei a cidade de Santo Tirso há muitos anos. Ali passei a minha infância, adolescência e me formei como homem e cidadão. Fiz amigos, que mantenho ainda hoje. Entrado na vida adulta, após a licenciatura em Direito, ali comecei a trabalhar como advogado.

Santo Tirso sempre foi a minha casa. Durante estes anos, eu que estou com 45, vi sempre a cidade de perto. Olhei-a sempre de um modo desinteressado, que é a melhor maneira de lhe perceber os encantos e os defeitos.

Mais tarde, a vida fez-me conhecer melhor algumas das freguesias limítrofes. Gosto de olhar para as coisas de um lugar discreto, e de um modo anónimo. Por isso, nunca tive intervenção pública visível, nunca a procurei, nunca me seduziu.

Considero-me um cidadão livre, sem amarras partidárias e com nenhum interesse pela politiquice, para o que não tenho jeito nenhum. Dedicado à advocacia, nunca abandonei, porém, o meu posto de observação da cidade e do concelho. E fui formando opinião, sobre as coisas, sobre as pessoas, sobre as obras, os projectos, as mensagens, as ideias. Fui, à minha maneira, fazendo política. Para mim.

Sei que podia e devia ter tornado públicas as opiniões que fui formando. Não o fiz, nunca o fiz. Umas vezes por desinteresse, outras por negligência, a maior parte das vezes por achar que não me cabia a mim mudar o mundo, e o mundo é a nossa rua.

Há pouco mais de 2 anos, fui convidado por amigos de longa data para integrar a Associação Cívica "AMAR Santo Tirso". O projecto seduziu-me, os amigos eram - e são - de confiança e pensei: "Finalmente!". Nestes últimos 2 anos, senti que participei em algo de novo, de inovador e que pode mudar Santo Tirso para muito melhor.

Hoje, sinto que devo começar a tornar públicas as minhas opiniões. As que fui formando ao longo destes anos e as que vou exprimindo em privado no seio da associação. Os últimos 30 anos foram catastróficos para Santo Tirso: caímos para os últimos lugares em todos os "rankings" que nos dão qualidade de vida. Concelhos vizinhos que há 30 anos eram um sombra do que éramos, hoje têm tudo o que nós tínhamos e já não temos: espaços de cultura e lazer, equipamentos desportivos em qualidade e quantidade, investimento na economia local, gerador de emprego e riqueza, etc.

Esta minha opinião não é, estou certo, uma opinião isolada. É comungada por milhares e milhares de munícipes de Santo Tirso. Esta minha opinião é a de um homem livre, que apenas obedece à sua consciência.

Espero contribuir para que muitas outras vozes livres e independentes se juntem a esta minha voz. Santo Tirso precisa deste vento de mudança, para se projectar para um lugar cimeiro no concerto dos munícipios mais desenvolvidos. Viva a esperança!
 
Artur Abreu
Presidente da AG da "AMAR Santo Tirso"